terça-feira, 2 de março de 2010



Este quadro é um dos quatro que integram a peça "Humanidades", que refere toda ela a um tempo de partido único como forma de governo em Angola e , por esse facto, nunca foi levada a cena na altura. Hoje, talvez seja inócua.







PERSONAGENS PRINCIPAIS

KATERÇA – Pai.

MABUNDA – Mãe

CHISOLA – Filha

MUNTU – Filho

BITOLAS – Bebé

MOCHO, CÃES, LENHADOR, CORVO E PICAPAU

No palco encontram-se duas árvores frondosas, com raízes externas, móveis e destacáveis, e dois ou mais ramos. Dentro de cada árvore, bem como de cada raiz, um personagem. Katerça e Mabunda, nas raízes os filhos.

As personagens secundárias (bonecos, telefone, gira discos, etc.) como sempre, são exageradas e coloridas.

A cena está totalmente escura. Aos poucos a iluminação dá a entende o nascer do dia, revelando timidamente o cenário. Numa das árvores, ou qualquer outro sítio visível, um cartaz como os dizeres: “ANOS DO DITO CUJO ÚNICO”.

Ouve-se um ressonar roufenho e sonoro. Um pouco depois, Bitolas desperta faminto e chora estridente.

MUNTU

(Grita) “Papá, papá, quero fazer xixi!...

CHISOLA

(Logo de seguida) “Mamã, dá-me um copo de água quando puseres o mano a fazer xixi!”

Ouvem-se os sons de alguém a levantar-se, a pôr o miúdo a fazer xixi no bacio, e alguém a beber sofregamente. Em seguida tudo se acalma, entendendo-se unicamente o piar do mocho, que poucos segundos depois entra em cena, colocando-se ao lado da árvore maior, em anicho, para passar o dia. Pia mais umas duas ou três vezes, espreguiça-se e tenta adormecer. O ressonar de Katerça começa a irritá-lo. Muda de lugar várias vezes sempre a resmungar e a piar.

MOCHO

“Assim não dá, como pode alguém descansar depois de uma noite de trabalho, com este ruído todo?... Assim não dá, não senhor... Isto não é viver, gaita, todo o tempo a ressonar, já podia ter passado em qualquer hospital para se curar... (bis).

O dia avança. Tudo é claramente visível agora. Ouve-se um despertador, daqueles dos antigos, a tocar.

MABUNDA

“Katerça, ó Katerça, acorda, olha o despertador.”

KATERÇA

“Merda, já?!... (Ouve-se o despertador a ser atirado contra a parede. O bebé grita, assustado) Xiça, Mabunda, dá lá de mamar a esse gajo. Que barulhada! (A árvore agita-se toda)

MABUNDA

“Ó Katerça, não fales assim do nosso filho!” (a árvore movimenta-se)

A árvore (Katerça) move-se do lugar uma trintena de centímetros, entende-se o som de Katerça a urinar virilmente, com os respectivos sons de alívio, e o autoclismo a ser descarregado.

KATERÇA

(Zangado) “Quem tirou daqui a porcaria da pasta de dentes?... Raios!...”

MUNTU

(Espreguiçando-se) “Mamã, hoje não quero ir à escola, está-me a doer um nódulo.”

CHISOLA

(Mexe-se) “Ó mãe, se o Muntu não vai è escola eu também não vou, essa de lhe doer um nódulo já é velha!”

KATERÇA

“Pela careca do Lenine, calem a boca, tanto barulho já pela manhã. Isto aqui não é Congo, poça!”

MABUNDA

“Ó Chisola, sê uma querida e vai dar o biberão ao bebé. Olha, aproveita para lhe mudares a fralda, vai querida, faz lá esse favor à tua mãe.”

CHISOLA

(Muda de lugar, rolando em direcção ao público) “Mãe, hoje é a vez do mano, eu fiz isso ontem.”

MUNTU

(Espreguiça-se outra vez e rola na direcção oposta) “Euuuu?!...”

KATERÇA

(Chateadíssimo, dá três pulos enormes) “Calem-se, já vos disse, e tratem mas é de ir pôr a mesa do mata-bicho (o bebé pára de chorar).

MUNTU

“Mamã, não posso ir à escola, a farda da OPA está suja e se for sem ela não me deixam entrar.”

KATERÇA

“E é mesmo assim, quem não tem farda não tem nada que ir, ou já queres que acusem o teu pai de reaça? Mas ó Mabunda, porque é que a merda do fardamento da criança não está lavado? Sabes muito bem que sou membro do partido e que tenho cargo importante, o meu filho não pode ir com uma roupa qualquer quando tem as fardas.”

MABUNDA

“Deixa-te lá de estórias, se a criança não levar hoje a farda da OPA não vai morrer.”

KATERÇA

“Que não vai morrer sei eu, mas os outros vão falar já sabes que vão logo dizer, olha aquele armado em chefão lá no partido e o filho dele vem sem farda.”

MABUNDA

“Cala a boca homem, até parece que já te esqueceste da mocidade portuguesa (Ri), sempre gostaste de fardas. (torna a rir) O que eras então, comandante de esquina ou arvorado em castelo, não era?”

CHISOLA

“Mamã, quem era a mocidade portuguesa?”

KATERÇA

(Dirige-se à mulher, aborrecido) “Já viste, já viste, queres que sejam os meus próprios filhos a lixarem-me? (para a filha) Não, filha, não é nada, é só uma brincadeira da tua mãe. A mocidade portuguesa era uma prima afastada dos padrinhos. Chamaram-se assim porque era já uma moça quando foi baptizada, portanto Mocidade, e como a madrinha dela era uma senhora portuguesa, ficou então a chamar-se Mocidade Portuguesa.”

A iluminação começa a decrescer gradualmente, permitindo que se veja o cangalheiro a atravessar o espaço cénico, a dançar com o abutre em passo de kabetula. Chegado à árvore ou aonde se encontrar o cartaz, retira-o e coloca um outro que diz ANOS AINDA DO DITO CUJO ÚNICO, DEPOIS. Por esta altura deverá estar a sala quase escura. Sai. Pouco depois a iluminação é a do amanhecer. Entretanto as raízes estão muito maiores, cresceram, duas quase adultas e uma menor. Encontram-se em sítios diversos dos anteriores.

Entra um enorme boneco cão, chega-se à árvore, levanta a pata e urina.

KATERÇA

(Em desespero) “Ó não, ó nãooooo!... (zangado) isto não é vida, ainda nem um gajo tomou banho e já logo isto lhe acontece pela manhã. PORRA!!! Amanhã vou pedir a minha demissão do cargo. Se me começam a mijar em cima é porque algum filho da mãe já me está a lixar, já me quer o lugar. Pois que fique com ele, também já cá tenho o que é meu.”

O cão dá a volta e urina igualmente na outra árvore.

MABUNDA

(Igualmente arreliada) “Ó nãooooo... olha como ficou a minha camisa de noite (chora). Esses senhores lá porque mandam pensam que podem mijar em cima de qualquer um. Poça, já estou farta!”

O dia clareou por completo. Um enorme telefone entra e coloca-se entra Muntu e Chisola. Entra seguidamente um gira discos que se coloca ao lado de Bitolas que, de imediato põe um disco, a todo o volume, do Balão Mágico. Dança, enquanto os outros desesperam, até que Chisola retira a música e parte o disco.

MUNTU

(Aliviado) “Puxa, obrigado mana, esse gajo aí chama a isso música? (Para o irmão) Ei puto, descorta, yá?...”

CHISOLA

(Jocosa) Estou farta de lhe dizer que só ouça essa música pré-histórica quando estivermos fora.”

BITOLAS

“Vocês pensam que aqui em casa só se pode ouvir a vossa música. (Rebolando por toda a cena, grita) Mamã, mamã...”

MUNTU

“Grita filho, grita porque a mamã está bem ocupada a ver se penetra mais uns dez centímetros na terra. Esta seca está a dar-nos cabo da saúde. Esses gajos dos países ricos com a mania que a população mundial está a crescer obrigam-nos à planificação familiar e é isto o que dá, cada vez mais desertificação.”

CHISOLA

(Goza com Bitolas, batendo com uma colher numa garrafa, põe o disco do Man Ré) “Como é meu? O Man Ré aqui é que é bem fiche, não esse porcaria que estava a tocar.”

BITOLAS

(Grita, zangado) “E tiraram o Balão Mágico para pôr essa música? Ó mãe, ó mãeeee!.... (bangão, o cão atravessa a cena, o que de imediato gera um silêncio glacial. Quando sair, tudo regressa ao mesmo. O telefone toca, até que Muntu atende)

MUNTU

“Está? Daqui o Muntu, quem fala?... Oi, Fininho, como é, meu?...O quê?... Fala mais alto, não ouço. Yá, Man Ré meu!... Yá... A parva da tua namorada, quem mais?...”

CHISOLA

(Curiosa e atenta, baixa o volume da música e aproxima-se) “Quem é, Muntu?”

MUNTU

(Divertido) “Adivinha, adivinha.”

CHISOLA

(Ansiosa) “É o Fininho? É o Fininho?...”

MUNTU

(Espicaça a irmã) “E se fosse, o que tens a ver com isso? (ri e fala para o bocal do telefone) Não meu, é aqui a menina da desbunda a querer saber se é o garino dela... (ri) Yá meu... fixe... yá... fixe...yá... (Chisola dá-lhe um encontrão e o telefone cai. Apanha-o).

CHISOLA

“És tu Fininho?”

(Muntu levanta o som da música ao máximo. Bitolas põe-se aos gritos a chamar pela mãe, Chisola continua a falar e ouve-se, o toque da campainha da porta, para o qual ninguém liga. As luzes apagam-se todas e tudo acaba. Quando subirem novamente é só sobre Katerça que fala com Mabunda, bem juntinhos.

Em silêncio, percebe-se todos os outros integrantes do elenco, passeando pela cena.

Um novo cartaz está pendurado, com os dizeres ANOS DO DITO CUJO ÚNICO, JÁ NO FIM.

MABUNDA

“Estou preocupada Katerça. Hoje poisou aqui um bando de corvos, isso sem falar nesse bufo de cão que anda sempre por aí a meter o nariz por tudo quanto é canto, e ouvi umas coisas nada agradáveis. Estiveram aí um bom tempo, de ramo em ramo, a fingir não sei o quê, falando mal do dito cujo único. Estou segura que era para estudar as minhas reacções. Reconheci um deles, vivia lá no bairro antes da independência e tinha fama de ser pideiro.”

KATERÇA

(Preocupado) “O que ouviste, o que foi? Hoje há que ter cuidado com todos, fazem de conta que não são e são mesmo.”

MABUNDA

(Saem todos menos Branca de Neve e os sete anões que a perseguem, em silêncio) “Oh, nada. Bom, não é bem assim. Diziam que agora, logo na nova fase, zangastes-te com eles e deu-te para fundares um partido, até disse que se chamava União Florestal Liberal e que andas metido com uma malta a preparar a derrota do Embondeiro Maior do Dito Cujo Único. Para isso juntastes-te a uns gajos que vivem numa capoeira, etc., etc.”

KATERÇA

(Surpreso, todo ele treme) “EU?!... Sempre fui membro do Dito Cujo Único!... (Receoso) Estás segura de que foi isso que os corvos disseram? Não haveria por lá provocadores da bófia para ver como reagias? Olha que essa malta é sabida, aliás não tivesse sido assim nunca eu teria chegado até onde cheguei... (Dá uma sonora gargalhada) fartei-me de lixar gajos armados em espertos e que pensavam que me comiam as papas de milho!”

MABUNDA

“Posso estar velha, mas não maluca ou caduca, sabes? (ofendida) Minha mãe bem me avisara para não me casar com uma mulembeira, mas enfim, o que a gente não faz quando se é jovem e parva. Crente dos teus arrulhos! Eu, filha de uma mangueira pura, talvez já nem te lembres, lá no quintal do velho Morais, caí no teu conto do vigário.

KATERÇA

(Sem querer cai em cima de Branca de Neve. Logo se levanta. Esta aproveita para sair, seguida dos sete anões) “Mangueira pura? A única coisa pura que tens é a tua boca. Boca para aqui, boca para ali nas intrigas, como agora. Que boca é essa que estás a mandar? São os teus irmãos não é? Nunca quiseram que te casasses com uma mulembeira, é do mato, o gajo não presta, etc. Só que nessa altura não tinhas raízes aqui no Alvalade, já te esqueceste? Era lá no Bairro Operário que vegetavas, num quintalão. Por que razões haveriam de falar de mim, heim? Sempre fui do regime, a favor de regime e pelo regime! Eu, heim? E logo contra o Embondeiro Maior!...”

MABUNDA

(Magoada) “Não precisas de vir com essa conversa fiada para cima de mim, não sou idiota. Depois não digas que não foste avisado. Nos anos fortes do Dito Cujo Único andavas de facto calado e satisfeito, pudera, mas quando começaste a ficar para trás os zum-zuns logo apareceram. Não há fumo sem fogo, não sou tapada.”

(Entram um corvo e um pica-pau, e a iluminação geral sobe para normal. O corvo coloca-se ao lado do gira discos, dá-lhe um forte pontapé o pica-pau encosta-se à árvore (Katerça) e assobia, limpando as unhas com um facão. Gera-se um silêncio total).

CORVO

“Ó pá, esta árvore parece-me um pouco estranha, não achas?... Parece-me que já a vi aí por qualquer sítio, mas onde foi? Sei que foi junto a uma capoeira.”

PICA-PAU

(Dá uma volta em torno da árvore) “Não, não julgo que seja esta, tem um pé defeituoso, mas de facto algo aqui parece não estar bem (Dá um pontapé na árvore que faz “Ai”). Viste, viste? (Repete) Já viste? Porra, uma árvore a falar! É certamente subversiva, só pode ser, temos que chamar a bófia, chama a PISA, a Polícia Investigadora dos Serviços Arbóreos.”

CORVO

(Lacónico) “Também me saíste cá um idiota! Os bufos somos nós, ou já te esqueceste? Essa mania de comeres funji pela manhã é o que dá, ficas com a mente parece um pesa papeis. Diz-me lá porque é que uma árvore não haveria de falar se tu também falas? (Aponta para o público) Julgas que essa malta aí é parva ou quê? (Sentencioso) AGORA!... Se ela choramingou só porque apanhou uns kissendes, é definitivamente da União Liberal Florestal, esses gajos são uns maricas. Armam-se em fortes mas quando se lhes dá um estremeção, cagam-se logo todos! (Para criar medo) Vamos arrancar-lhe os tomates e fazer uma salada de genitais!...”

PICA-PAU

(Vingativo) “E chamas-me idiota? Idiota és tu, explica-me lá como é que vais arrancar os tomates a uma mulembeira? (Brincalhão) E se eu lhe desse umas bicadas nas bilhas? Pica na árvore várias vezes, com esta sempre a responder com um “Ai”.

Os dois riem ás gargalhadas. A árvore agita-se toda e cai assim que eles saem de cena. Em sentidos opostos, entram o cão e o mocho. O cão assobia alegremente e tem na mão um cassetete. Ao cruzarem-se o corvo passa-lhe uma rasteira. Este cai a rir, o corvo ajuda-o a levantar-se e saem os dois em alegre camaradagem.

MABUNDA

“Eu bem te avisara Katerça. Agora o que vai ser de nós e dos nossos filhos? (zangada) Tu e as tuas politiquices.”

KATERÇA

(Aborrecido) “Que politiquices? Esses gajos mandaram como quiseram todo este tempo e agora chegou a vez dos outros. Ele que vão gozar o que conseguiram, isto não é politiquice nenhuma, é a verdade. Porque não poderei igualmente ter uma conta na Suíça, não somos todos farinha do mesmo saco? A única excepção que posso fazer é aquele galináceo, mas isso também ainda está para ver. De resto filha, somos todos lidos e versados na mesma cartilha. Deixa-te lá de contos e vai-te preparando para veres a tua vida melhorada, é a nossa vez, é a democracia multipartidária, ou não sabes?”

MABUNDA

“Ai Katerça, não digas isso, és um mal agradecido, um ingrato. Os teus filhos tiveram sempre escola de borla, hospitais e medicamentos, até tu arranjaste esse teu pé torto em Cuba às custas do Dito Cujo Único, ou já te esqueceste? As rendas da nossa casa custavam menos de uma cerveja, os transportes públicos nos quais nunca puseste o cú, eram quase de graça. Ai Katerça, não digas isso, cospes no prato em que comeste durante tantos anos só porque te tiraram a tesoura da censura ideológica das mãos. E com essa conversa ainda vão acabar por levar o nosso filho para a maldita dessa guerra que nunca mais acaba. Falas à toa sem propor concretamente as alternativas, achas que são esses fundamentalismos estranhos que por aí grassam que te vão salvar nas hora dos Aves-marias? (o telefone toca, ela atende) Alô?... Se é da casa mortuária? ABRENÚNCIO! Não, não, é de uma casa privada... sim, estou segura!... (desliga)

KATERÇA

(Levanta um pouco o volume do rádio, desconfiado) “Casa mortuária uma ova, são é mas é os bófias a agagaçarem-nos, conheço bem essas tácticas, eu mesmo as usava nos meus dias de glória, (ri) já te contei quando aquele filho da puta do correspondente da Reuters queria... (É interrompido pela campainha da porta que toca).

MUNTU

(Que aparece a correr) “Ó mana, deve ser o teu Fininho, vai abrir.”

CHISOLA

(De fora de cena) “Não posso, estou a tomar banho. Consegui encontrar um pouco de água subterrânea ou então já lixei a EPAL ao furar um cano. Agora não dá, manda o Bitolas.

BITOLAS

“Eu não posso, estou a estudar, apanhei aquela revista pornográfica do pai e estou a instruir-me.”

(Ouve-se o arrombar da porta e entre o lenhador, com um enorme machado às costas).

MABUNDA

(Em pânico) “Ai Katerça, socorro, vieram buscar o nosso filho para a tropa... (Chora) ai meu Deus, vão levá-lo... (Grita) Socorro, vizinhos, socorro!... (O telefone toca outra vez, até ao fim da situação) Quem me ajuda, criminosos, ele é ainda uma criança, ai Katerça, viste o que conseguiste com tudo isso?...”

KATERÇA

(Aterrorizado) “Cobardes, cobardes, só sabem agarrar as crianças... SOCORRO, SOCORRO! (o lenhador dá umas machadadas em Muntu, que já se encontrava agarrado ao pai).

MUNTU

(Aos gritos, bem como toda a família) “Não quero ir, socorro, não quero ir, levem os filhos deles, eu não vou (uma última machadada desliga-o do pai), não vou, não vou seus cabrões!...”

LENHADOR

(Coloca-o ao ombro) “Ai vais sim senhor (Sai).

Chisola e Bitolas xinguilam pela cena. Mabunda e Katerça idem, aos gritos. O rádio toca, o telefone sempre a tocar, a campainha da porta toca sem parar, e os gritos dos vizinhos a pedir para abrirem, o corvo, o cão e o mocho atravessam a cena a rir, todos abraçados.

Gradualmente a luz vai baixando até atingir a escuridão total. Segue-se um silêncio sepulcral muito curto, após o qual entende-se do corvo, o picar do pica-pau numa árvore, o latir do cão e, por fim, o lúgubre piar do mocho.

BAIXA A CORTINA.

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