sábado, 4 de agosto de 2012

MEMÓRIAS DA ILHA - CRÓNICAS





ESPERA AÍ, EU TE CONHEÇO?!...

Há dias, ao ouvir esta frase num programa humorístico que a televisão brasileira passa aos sábados, numa “zurrada” total, veio-me à mente uma teoria expandida na década dos 60, denominada “O Fenómeno Pequeno Mundo” (Small World Phenomenon), do já falecido psicólogo Stanley Milgram.
Esta teoria, ou experiência, confirma, ainda hoje de maneira controversa, que, efectivamente, quase todos nós temos uma possibilidade muito próxima de contactarmos (conhecermos) alguém através de uma pequena cadeia de encontros ou conhecimentos sociais.
Esta questão colocou-se, quando se tentou saber, a partir de um quadro N de pessoas desconhecidas, qual seria a probabilidade que cada elemento de N vir a estar ligado a outro membro de N, através de uma cadeia de contactos.
Stanley Milgram, um psicólogo social, numa experiência patrocinada pelo prestigiado Conselho de Relações Sociais da Universidade de Harvard, conseguiu, em 1967, chegar a uma aparente resposta, ao concluir, através da experiência que conduziu, que dois cidadãos escolhidos ao acaso, teriam possibilidades de se encontrarem, em média de cada seis, através dessa cadeia de amigo a amigo. Se, por exemplo, eu disser a um amigo ou parente, que gostaria de conhecer alguém que me cace caracóis amarelos na Patagónia, as probabilidades de isso acontecer, através dessa cadeia, são teoricamente muito reais, chegando lá ao sexto contacto.
Posto isto, se eu tiver cem amigos e cada um deles tiver outros cem amigos, logo ao segundo contacto, já poderei contar com 10.000 pessoas mais ou menos próximas, na busca do meu caçador de caracóis da Patagónia. Na terceira ligação, terei 1.000.000 de pessoas que poderão, numa média de seis, interagir comigo. Sendo mais ambicioso, já que a minha mania são os caracóis amarelos da Patagónia, vou ao quarto contacto e logo as minhas oportunidades aumentam ara 100 milhões de pessoas. Não me venham dizer que não encontrarei o referido caçador e os ditos bichinhos. Se chegar ao sexto contacto, terei a casa infestada deles, amaldiçoando a minha curiosidade, e sendo eu a caçar o caçador, seja onde ele estiver.
Quer dizer que cada um de nós está, a nível mundial, unicamente a seis contactos de separação do outro, o que explica muito do que nos acontece, para bem ou para mal, na interacções que mantemos.
O fenómeno do boato, por exemplo, o tal de mujimbu press, tão efectivo para erguer ou arrasar carreiras, para movimentar círculos ou cadeias de interesses pessoais ou colectivos, muito mais danosos do que os malditos caracóis amarelos da Patagónia, será uma prova irrefutável disso.
Certamente que me irão dizer que não tenho mais nada que fazer, o país com os problemas sociais que tem e eu preocupado com teorias e abstracções. Talvez tenham razão, enquanto fico por aqui com estas cogitações... mas espera aí, eu te conheço?!...

Fragata de Morais

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