O MUNDIAL
Decorridas várias semanas do
término do Mundial 94, quiçá se possa referir ao evento com um pouco menos de
subjectivismo e com maior probidade.
Não será intenção descrever os
feitos da grande equipe brasileira e da sua mais do que merecida vitória, muito
menos das técnicas e tácticas desenvolvidas e usadas nos campos pelo
diabo-virado-santo Parreira.
É mister sim, e sem pitada de
ironia, alertar desde já para as técnicas, e sobretudo tácticas, que poderão
vir a ser impostas aos jogadores no campo do amor, no período dos mundiais.
Esperemos cheios de alento que seja unicamente nos mundiais, porque se a moda
esdrúxula passar para os campeonatos nacionais, Deus nos ajude, estará tudo
perdido.
Num estudo elaborado e conduzido
por dois pesquisadores israelitas, em cerca de quarenta jogadores de futebol
daquele país, chegaram-se a indesmentíveis conclusões, que certamente não serão
do agrado de todos, já que ao partir-se do princípio que todos os jogadores
podem, ver-se-á que uns poderão mais do que outros, segundo a relevância física
do posto. Consagra-se assim a máxima por nós bem conhecida, a cada qual segundo
o seu esforço e trabalho.
Concomitantemente, a D. Maria,
esposa amantíssima do guarda-redes Fulano de Tal, poderá ser agraciada com os
favores e calores do extremoso marido até três dias antes do tira-teimas. Se o
dito cujo for tão bom a furar a baliza lá em casa quanto é a guardá-la nos
relvados, ter-se-á um momento nublado para a infeliz consorte, por três dias
que sejam.
Todavia, se a D. Maria for esposa
do avançado Sicrano de Tal, porque o desalmado exaure todas as energias
correndo de um lado para o outro para meter o afamado golo, a coitada não
poderá ver, na alcova, seu marido a avançar e meter o que todos sabemos que
mete, oito dias antes da partida.
Que me perdoem os pesquisadores,
eles próprios talvez maridos competentes, isto não é partida que se pregue a
ninguém.
É evidente, que as esposas dos
defesas são metidas a meio caminho, neste pesquisa, e lá em casa, devendo a
abstinência sexo-desportiva decorrer a partir de cinco dias antes do páreo.
Por aí se poderá imaginar o
sofrimento do futuro campeão mundial que, ao fazer todas as partidas, passará
no mínimo um jejum espartano de mês e meio, isso não contando que o regime seja
aplicado durante o período de preparação.
Não nos admiremos pois, se os
treinadores desejarem levar a rigor os valores científicos das pesquisas, para
benefício do desempenho da equipe que se venham a verificar violentas
manifestações púb(l)ícas das esposas dos jogadores, com as dos avançados a
liderar, unidas para jamais serem vencidas.
E para que elas se vinguem,
sobretudo as consortes dos futebolistas do Petro Atlético de Luanda, aos quais
é exigido muito mais que um tetra, com o resultante desgaste do arcaboiço e
afins, é dever patriótico tornar público o nome e local de trabalho destes
briosos e talvez inditosos pesquisadores.
Mas meditai
antes, ó abnegadas damas, porque uma viagem a Israel é algo oneroso. O pecúlio
hoje é escasso, não mais se viaja por duas grades de cerveja. Ser-vos-á mais
fácil e prático permitir que os vossos maridos impunes furem o boicote, até
porque o treinador não estará de vigília todas as noites e em todas as alcovas.
Quanto aos malandros, os senhores
Alexander Olshanytsky e Mordechai Halperin, pesquisadores no Centro de
Jerusalém para a Impotência e Infertilidade, não se encontrando ainda
satisfeitos com os possíveis danos que venham a causar, desejam ir mais além e
prometem pesquisa feroz nos restantes domínios do desporto.
Felizmente só jogo à sueca!
04/08/94
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