quinta-feira, 2 de setembro de 2010

MEMÓRIAS DA ILHA - CRÓNICAS

Com a declaração pelo presidente Obama da saída do Iraque das tropas norteamericanas, veio-me à mente uma crónica que escrevi em 2005 baseada numa notícia sobre Bush, o filho. Sou, assim, obrigado a relembrar este homem que tornou o Mundo tão mais inseguro.


OS PORTA-RETRATOS DE BUSH

O presidente George Bush é um homem que gera uma panóplia vasta de sentimentos nas pessoas, mundo afora.
Há quem veja nele o antigo rei cruzado, montado em engalanado e garboso alazão branco, partido a reconquistar a terra santa e hoje, mais do que nunca com a falta de petróleo a terra prometida, a fim de expandir a fé cristã e a bíblia do império. Nos escudos dos nobres que o acompanham na sagrada missão de combater os infiéis e o império do mal, a heráldica do ducado de Halliburton, que já produziu um vice-rei intitulado Dick Cheney, a do condado de Schlumberger, que nas suas fileiras inclui o cavaleiro John Deutch, ex-director da CIA, a do marquesado de Baker Hughes, a do baronato de General Electric e aquela de toda uma vasta gama de brasonados, muitos deles tão bem conhecidos em Angola.
Para outros, é a figura reincarnada do demo, o anticristo ou o antiprofeta do Islão, a personificação do anjo do mal, ou maior perigo a que actualmente a Humanidade faz face, o homem que deu forma e conteúdo ao terrorismo e que se arroga o direito de se julgar Aquele da segunda vinda, o Messias salvador do Mundo.
Não será assim de estranhar a erupção generalizada de manifestações tanto a favor quanto contra, que se testemunham um pouco por tudo quanto é canto do globo. A partir das milhentas piadas que a Internet faz circular, inofensivas e com o fim de ridicularizar a pessoa, a manifestações organizadas de rua com objectivos políticos determinados e até, podemos imaginar, aos mais mirabolantes planos de eliminação.
Decidida e definitivamente, Bush filho é alguém que se tem que levar em conta.
Há muita gente que não dorme por causa dele, assim como há outra tanta que dorme melhor por sua causa.
Dos que não dormem, só para dar mais raiva, há um que merece nota, não tanto pelo que faz, mas sobretudo pelas razões que o faz e pelo modo iconoclasta como ele o faz. Este Dom Quixote plebeu, com o engenho e a arte dos teutónicos, atanaza a vida da polícia alemã e a do coitado do administrador dos parques de Bayreuth, um tal de Josef Oettl, que há mais de um ano sente um cheiro fétido a fezes, a merda, (comigo é assim, no popular) nas visitas aos seus domínios de competência camarária.
Fosse só isso, talvez não houvesse notícia, farto de ver esterco de cães nas ruas e parques da Europa está qualquer um que por lá tenha passado. O problema dele, do Josef, é muito maior, pois essa porcaria toda cheira a política e ainda por cima, tem o presidente George Bush como alvo preferencial e artístico.
Não é que o pobre do administrador dos parques de Bayreuth já colectou, pelos bosques do seu burgo, cerca de 3.000 montes de excrementos todos eles com um pequeno retrato bandeira, emoldurado, do nosso Bush a adorná-los?
Claro que, primeiramente, os políticos locais acharam que aquela brincadeira, passageira, esperavam, nada mais fosse de que um protesto qualquer por causa da invasão ao Iraque. Mas à medida que o gracejo mal cheiroso continuou, para gáudio de muitos, logo se pensou que o(s) artista(s) plástico(s) queria(m) demonstrar uma reprovação à campanha de reeleição de Bush., o que não foi o caso, pois já com o aguerrido do George eleito, a trampa continuou.
Imaginem pois a dor de cabeça da polícia alemã, que já aumentou a caça ao(s) artista(s), contudo sem grande resultados, segundo o seu porta voz, o senhor Reiner Kuechler. Mas o mais engraçado de tudo isto, é que se for(em) apanhado(s), nada poderá ser feito contra ele(s). É que não existe legislação que puna alguém por usar boa e bem cheirosa bosta, como pedestal para porta retratos ou porta bandeiras, mesmo se do Bush.

27/03/05

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